segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Se me comovesse o amor

Se me comovesse o amor como me comove a morte dos que amei, eu viveria feliz.
Observo as figueiras, a sombra dos muros, o jasmineiro em que ficou gravada a tua mão, e deixo o dia caminhar por entre veredas, caminhos perto do rio.
Se me comovessem os teus passos entre os outros,os que se perdem nas ruas, os que abandonam a casa e seguem o seu destino, eu saberia reconhecer o sinal que ninguém encontra, o medo que ninguém comove.
Vejo-te regressar do deserto, atravessar os templos, iluminar as varandas, chegar tarde.
Por isso não me procures, não me encontres,
não me deixes, não me conheças.
Dá-me apenas o pão, a palavra, as coisas possíveis. De longe.

"Francisco José Viegas"
foto de ma®ia

1 comentário:

  1. Comove-me a beleza (e paz) do lugar tão bem capturado (e "congelado") no tempo...
    De longe, dou-te as coisas possíveis... Assim são estas palavras...
    Obrigado.

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